Negociações da Cúpula do Clima continuam estagnadas e se estendem
A Cúpula do Clima em Lima tenta tomar uma decisão que impulsione a negociação para um acordo final sobre a luta contra a mudança climática no ano que vem em Paris, mas as intensas negociações ainda continuam estagnadas e se prolongarão durante as próximas horas.
O presidente da Conferência da ONU sobre mudança climática (COP20), o ministro peruano do Ambiente, Manuel Pulgar-Vidal, compareceu nesta sexta-feira perante o plenário para informar sobre os avanços da negociação do documento que deve estabelecer os fundamentos do acordo que será adotado na capital da França para substituir, a partir de 2020, o Protocolo de Kioto, e expressou sua confiança em que as reuniões cheguem a uma conclusão hoje. No entanto, reconheceu que as “questões financeiras ainda continuam no ar”, por isso pediu aos países para seguirem com as negociações para ter um resultado no final do dia.
Os pontos mais delicados da negociação giram em torno do tipo de informação que os países devem apresentar em suas contribuições sobre redução de emissões de gases estufa para que estas metas possam ser quantificadas e comparáveis. As ajudas que devem conceder aos países pobres e em desenvolvimento para fazer frente aos efeitos da mudança climática também estão no centro das negociações.
Em entrevista coletiva, a ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, adiantou que o acordo de Lima contém “progressos consideráveis” e “será um bom ponto de partida” para desenvolver o acordo da COP21 de 2015 em Paris, mas lamentou que ainda não haja consenso em dar natureza vinculativa nem em o financiamento de ações perante a mudança climática.
Após duas semanas sem avanços significativos nas minutas dos documentos que devem ser aprovados em Paris, Pulgar-Vidal pediu na noite de ontem aos copresidentes da Cúpula para elaborarem um novo texto “mais breve e centrado nos elementos-chave” que são necessários abordar, sobre o qual se debateu desde o começo da manhã.
O presidente COP20 considerou que a nova proposta favoreceu aos avanços das negociações, e reiterou seu desejo de obter um acordo durante esta noite, sem que as negociações se prolonguem mais um dia, como já ocorreu em cúpulas anteriores.
“Estamos quase lá. Temos que dar esse último apertão para tomar decisões políticas. Não há motivo para interromper o processo e adiar nossa decisão. Tenho certeza que, desta forma, vamos encontrar soluções ao processo”, afirmou.
Pulgar-Vidal exigiu “uma decisão clara e diáfana em Lima”, que tenha “todos os elementos do texto de negociação, não só como uma forma de contribuição do processo, mas para mostrar ao mundo que construímos isto passo a passo”.
Em entrevista à Agência Efe, o vice-ministro de Desenvolvimento Estratégico dos Recursos Naturais do Peru, Gabriel Quijandría, explicou que seu país está fazendo todos os esforços para que a termine hoje, como estava inicialmente previsto, e rompa com a tradição de alongar estas conferências. A ideia é “fechar a conferência hoje” e não ter “mais custos econômico, emocional e físico aos negociadores” e ir a casa “com o trabalho feito”, assegurou.
Em comunicado, a chefe da delegação de World Wildlife Fund (WWF), Tasneem Essop, salientou que o tempo de negociação está acabando e “tudo ainda está no ar”. Segundo ela, o atual texto preliminar contém um “leque de opções: o bom, o mau e o ’suficientemente bom’, por que ainda não podem prever o resultado da Cúpula”.
As negociações de Lima começaram em 1º de dezembro com otimismo pelos sinais positivos que representava o acordo anunciado pelos Estados Unidos e China, os maiores poluentes do planeta.
A China anunciou que alcançará o teto de suas emissões de gases do efeito estufa em 2030, quando 20% da energia consumida no país virão de fontes limpas e renováveis. Já os Estados Unidos se comprometeram a reduzir as emissões de gases do efeito estufa para 2025 entre 26% e 28% com relação aos níveis de 2005, enquanto a União Europeia pactuou diminui-las em 40% em 2030.
A Cúpula do Clima acontece após ser publicado o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que constata que a mudança climática é evidente e adverte da necessidade de uma ação urgente para evitar danos severos e irreversíveis.
De acordo com as conclusões do IPCC, alcançar o objetivo de limitar o aumento de temperatura na superfície no final do século a dois graus requer cortes de emissões substanciais e sustentados nas próximas décadas – de 40% a 70% entre 2010 e 2050 – para reduzi-las quase a zero em 2100. (Fonte: Terra)