segunda-feira, 22 de junho de 2015

Terra passa por novo período de extinção em massa, diz pesquisa

A Terra entrou em um novo período de extinção em massa, de acordo com um estudo feito por três universidades americanas. E os humanos podem estar entre as primeiras vítimas.
A pesquisa, feita por cientistas das universidade de Stanford, Princeton e Berkeley, diz que os vertebrados estão desaparecendo a uma taxa 114 vezes mais rápida que o normal.
A descoberta confirma os resultados de um estudo publicado pela Universidade de Duke no ano passado.
“Estamos entrando agora no sexto grande período de extinção em massa”, disse um dos autores do novo estudo.
O último desses períodos ocorreu há 65 milhões de anos, quando os dinossauros foram extintos, provavelmente devido a um grande meteoro que atingiu a Terra.
“Se for permitido que isso continue, a vida vai levar milhões de anos para se recuperar e nossa própria espécie provavelmente desapareceria logo no início”, disse o autor principal, Gerardo Cabellos.
Os pesquisadores analisaram, historicamente, as taxas de extinção de vertebrados – animais com espinha dorsal – por meio de dados de fósseis.
Eles descobriram que a taxa de extinção atual era mais que 100 vezes mais alta que em períodos em que a Terra não estava passando por um evento de extinção em massa.
Desde 1900, segundo o relatório, mais de 400 vertebrados desapareceram.
Uma perda desta magnitude normalmente seria vista em um período de até 10 mil anos, segundo os cientistas.
O estudo – publicado na revista científica Science Advances – cita, como causas da extinção, mudança climática, poluição e desmatamento.
Como consequência da destruição de ecossistemas, processos benéficos como a polinização feita pela abelhas podem desaparecer em até três gerações humanas.
“Há exemplos de espécies, em todo o mundo, que são basicamente mortos-vivos”, disse o professor de Stanford Paul Ehrlich.
“Estamos cavando nossa própria cova”, afirma.
A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) diz que pelo menos 50 animais ficam mais perto da extinção a cada ano.
Cerca de 41% de todos os anfíbios e 25% dos mamíferos estão ameaçados de extinção, afirmam.
No ano passado, um relatório de Stuart Pimm, um biólogo e especialista em extinção da Universidade Duke, na Carolina do Norte, também alertou que a humanidade estava entrando no sexto período de extinção.
Mas o estudo de Pimm diz que a atual taxa de extinção era mais de mil vezes mais veloz que no passado – o estudo atual fala em 114 vezes.
Os autores do novo estudo afirmam que ainda é possível evitar “uma queda dramática da biodiversidade” por meio de conservação intensiva, mas que é necessário agir rapidamente.
Mais ameaçado: o lêmure – Segundo a IUCN, o lêmure (um tipo de primata) enfrenta uma verdadeira guerra para evitar a extinção em ambientes selvagens nos próximos anos.
O grupo diz que 94% dos lêmures estão sob ameaça, com mais de um quinto de todas as espécies de lêmures classificadas como “sob perigo crítico”.
Além de ver seu habitat natural em Madagascar sendo destruído por retirada ilegal de madeira, eles também são frequentemente caçados por sua carne, diz a IUCN. (Fonte: G1)

domingo, 14 de junho de 2015

Transposição das águas - IMPACTO AMBIENTAL

Com a reunião do dia 13.06.2015 de acordo com o engenheiro da Sabesp "Nilo", responsável pela execução de obra da transposição, após as obras o local será entregue do mesmo jeito ou melhor do que foi encontrado antes das obras e também enviará ao Legislativo uma cópia da prévia do estudo do impacto ambiental da região com os documentos da Cetesb...estamos no aguardo...
E dia 26.06.2015 às 18hs na câmara dos vereadores de Rio Grande da Serra ocorrerá Audiência Pública referente as obras da transposição, com presença do prefeito, vereadores, responsáveis da Sabesp e governo do estado de São Paulo. Compareçam!!!!!




Reunião dia 11.06.2015 com o prefeito, vereadores e moradores do bairro Parque Pouso Alegre.
De acordo com o prefeito Maranhão ouve uma contra partida do governo do estado de São Paulo que seria um espelho d'água no próprio braço do Rio Grande para trazer o turismo e lazer para a região do município. E também conforme afirmação do prefeito já existe uma prévia do estudo do impacto ambiental das obras. Contudo, para obtermos melhores explicações, foi agendado no próximo sábado dia 13 outra reunião com os engenheiros responsáveis da Sabesp na própria empresa.




A população do entorno está se reunindo no ICA (Instituto CausAmbientalis) para pedir esclarecimentos aos responsáveis da Sabesp, ao prefeito e vereadores sobre o EIA/RIMA (estudo do Impacto Ambiental) e como será feita a compensação ambiental na região.
Link da Sabesp explicando por onde passará os dutos da transposição): https://www.youtube.com/watch?v=5a-c49__omI




No mês de maio as obras da transposição da bacia do Rio Grande já estão em andamento, com objetivo de levar 4 mil de litros de água por segundo para o sistema Alto Tietê e suprir a crise hídrica da população da região Metropolitana de São Paulo. Com isso o impacto ambiental será inevitável, conforme as fotos abaixo, como o desvio do curso natural do Rio Grande para passagem dos dutos, soterramento de margens, entre outros.







sexta-feira, 15 de maio de 2015

Nível do mar está aumentando mais rapidamente, diz estudo

A elevação do nível do mar em todo o mundo acelerou ao longo da última década, ao contrário do que indicavam estimativas anteriores – é o que aponta um estudo publicado nesta segunda-feira (11) pela revista “Nature Climate Change”.
Estudos precedentes baseados em dados de satélite mostraram que a alta do nível dos oceanos nos últimos dez anos tinha desacelerado com relação à década anterior.
Mas eles não incluíam possíveis imprecisões dos instrumentos utilizados, que não levavam em conta especialmente o movimento vertical da Terra para o cálculo do nível do mar.
O movimento vertical da Terra é um movimento ascendente natural da superfície terrestre, o que pode ocorrer, por exemplo, durante tremores ou acomodação de terra.
A equipe liderada pelo pesquisador Christopher Watson, da Universidade da Tasmânia (Austrália), tem trabalhado para identificar e corrigir imprecisões das medições por satélite.
Para isso, os pesquisadores combinaram as medições do movimento vertical da Terra realizadas por GPS com dados fornecidos por hora por uma rede maior de marégrafos, instalados nos oceanos do mundo.
Segundo os pesquisadores, entre 1993 e meados de 2014, o aumento global do nível do mar foi menor do que o estimado anteriormente, de 2,6-2,9 milímetros por ano, com uma margem de erro de mais ou menos 0,4 milímetros, e não de 3,2 milímetros.
Dos seis primeiros anos deste período (1993-1999), os pesquisadores revisaram a redução das estimativas de 0,9 para 1,5 milímetros ao ano.
No entanto, de acordo com eles, o aumento tem se acelerado desde a virada do século.
Segundo os autores do estudo, esta “aceleração é maior do que a observada (na década anterior), mas está de acordo com a aceleração causada pelo derretimento das calotas polares na Groenlândia e no Atlântico ocidental durante este período, assim como as previsões do IPCC”.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o nível global do mar subiu 19 centímetros entre 1901 e 2010, uma média de 1,7 milímetros por ano.
O IPCC prevê um aumento do nível do mar de 26 a 82 centímetros até 2100 em comparação com o final do século 20. (Fonte: G1)

sábado, 2 de maio de 2015

Mudanças climáticas ameaçam extinguir 1 em 6 espécies

Uma em cada seis espécies pode ser extinta se nada for feito para reverter mudanças climáticas, de acordo com analistas.
Se as emissões de carbono continuarem no ritmo atual e as temperaturas subirem 4 graus até 2100, 16% dos animais e vegetais se perderão, segundo a pesquisa.
O estudo, publicado na revista científica Science, mostra que os riscos são maiores na América do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Mark Urban, da Universidade de Connecticut, nos EUA, analisou dados de 131 estudos específicos sobre risco de extinção devido à mudança climática.
Alguns deles haviam sugerido que as mudanças climáticas poderiam afetar até 54% das espécies – outros diziam que quase nenhuma seria afetada.
Urban descobriu que, a cada grau que a temperatura aumenta, a taxa de perda de biodiversidade acelera.
Se as temperaturas subirem 2 graus no futuro em comparação com o período pré-industrial, o risco de extinção global vai subir dos 2,8% atuais para 5,2%.
“Se o mundo não se unir e controlar as emissões de gases de efeito estufa e nós permitirmos que a Terra se aqueça consideravelmente, vamos enfrentar uma perda potencial de uma em cada seis espécies”, disse Urban.
“Muitas espécies serão capazes de mudar seu habitat e se adaptar às alterações climáticas, mas outras não conseguirão, porque seu habitat desapareceu ou porque não podem mais chegar a ele.”
Habitats únicos – Os riscos de extinção mais elevados estão previstos para a Austrália, Nova Zelândia e América do Sul, onde há muitas espécies adaptadas a habitats que não existem em outros lugares.
Comentando a pesquisa, o professor John J. Wiens, da Universidade do Arizona, disse que o risco de extinção devido a alterações climáticas pode ser ainda maior do que 16%, já que a maioria dos estudos analisados foram da Europa e América do Norte, onde os riscos de extinção são menores.
“Na América do Sul, o risco de extinção foi estimado em 23%”, disse ele.
“Infelizmente, esse número mais elevado pode refletir melhor o número de espécies que podem ser extintas devido às alterações climáticas em um nível global, se considerarmos a forma como as espécies do mundo são distribuídas.”
Mike Barrett, diretor de Ciência e Política da WWF-UK, disse que as descobertas ecoam seu relatório Planeta Vivo, que constatou que populações de espécies de vertebrados caíram pela metade desde 1970.
“Este relatório olha para a frente e descobre que muitas espécies estão ameaçadas de extinção se não formos capazes de combater as alterações climáticas.” (Fonte: G1)

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Uso de agrotóxicos subiu 162% em 12 anos, mostra pesquisa

O setor agrícola brasileiro comprou, no ano de 2012, 823.226 toneladas de agrotóxicos – muitos deles, proibidos em outros países. De 2000 a 2012, o aumento em toneladas compradas foi 162,32%. Os dados estão no Dossiê Abrasco – Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde, lançado na terça-feira (28) pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em evento na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Desde 2009, o Brasil assumiu a posição de primeiro consumidor mundial de agrotóxico. O consumo daria 5,5 quilos por brasileiro por ano”, disse o diretor da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Paulo Petersen.
Petersen explica que esse aumento está diretamente relacionado à expansão da monocultura e dos transgênicos. “Ao contrário do que vinha sendo propagandeado quando eles [transgênicos] foram lançados, que permitiriam que o uso de agrotóxico diminuísse, porque seriam resistentes às pragas, o que se verificou foi o oposto. Não só está usando mais, como está usando agrotóxicos mais poderosos, mais fortes. Nós fomos levados a importar em regime de urgência determinados agrotóxicos que sequer eram permitidos no Brasil para combater pragas na soja e no algodão transgênicos, que foram atacados por lagartas.”
Segundo Petersen, 22 dos 50 princípios ativos mais empregados em agrotóxicos no Brasil estão banidos em outros países, além de haver uso além da necessidade técnica e métodos menos tóxicos e eficientes para o controle de pragas. “Estamos em uma situação de total descontrole, o Estado não cumpre o processo de fiscalização como deveria e a legislação para o uso de agrotóxicos também não é cumprida.”
O Brasil registrou, entre 2007 e 2014, 34.147 casos de intoxicação por agrotóxico, de acordo com o presidente da ABA. Entre os problemas causados por esse tipo de intoxicação estão a malformação de feto, câncer, disfunção fisiológica, problemas cardíacos e neuronais.
Desde a primeira edição, o debate sobre a questão foi ampliado na sociedade civil e também no governo e levou à criação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), cuja minuta está pronta, mas ainda aguarda lançamento oficial pelo governo.
“Nesse debate, nós sustentamos a ideia, já confirmada por vários órgãos oficiais, de que é possível haver uma redução bastante significativa no consumo de agrotóxico no Brasil sem que isso comprometa em nada a eficiência econômica da agricultura brasileira”, afirma o pesquisador.
Milho – O dossiê é uma revisão da versão publicada em 2012. O trabalho deste ano tem mais de 600 páginas e teve o acréscimo de acontecimentos marcantes, estudos científicos e decisões políticas que envolvem os agrotóxicos. A publicação reúne, por exemplo, informações sobre a relação direta entre uso de agrotóxicos e problemas de saúde, como os que foram divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) .
A edição de 2015 do dossiê traz um quarto capítulo inédito que aponta o caminho da agroecologia como forma sustentável e saudável de produção no longo prazo. “Esse capítulo apresenta várias experiências, de diferentes regiões do Brasil, que demonstram que é perfeitamente possível ser economicamente viável, ambientalmente sustentável, benéfico à saúde pública e produzir em quantidade e qualidade.”
O dossiê propõe dez ações urgentes, como priorizar a implantação de uma Política Nacional de Agroecologia no lugar do financiamento público ao agronegócio; impulsionar debates internacionais e enfrentar a concentração do sistema alimentar mundial; banir os agrotóxicos já proibidos em outros países; rever os parâmetros de potabilidade da água, para limitar o número de substâncias químicas aceitáveis e diminuir os valores máximos permitidos e proibir a pulverização aérea de agrotóxicos. A publicação está disponível na internet. (Fonte: Agência Brasil)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sociedade defende flora e fauna nas ações contra o efeito estufa

A biodiversidade poderá ser uma aliada nas estratégias adaptativas às mudanças climáticas. O Plano Nacional de Adaptação, em fase de elaboração coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), será colocado em consulta pública no segundo semestre deste ano e deverá conter ações de uso sustentável da fauna e da flora brasileiras no combate aos prejuízos causados pelo efeito estufa.
A inclusão do tema na primeira versão do plano foi sugerida pela sociedade civil. Para isso, pesquisas sobre Adaptação Baseada em Ecossistemas foram apresentadas, nesta quarta-feira (1º), às equipes técnicas do MMA. “É preciso unir forças para estimular o tema, inclusive nas esferas subnacionais”, defendeu a diretora de Licenciamento do MMA, Karen Cope.
Forma inteligente – O pesquisador Guilherme Karam, da Fundação Grupo Boticário, apresentou estudo sobre oportunidades para políticas públicas em mudanças climáticas. “A adaptação baseada em ecossistemas é uma forma inteligente de integrar ações de adaptação com a conservação da biodiversidade”, resumiu. Segundo ele, a prevenção de desastres naturais, a energia e a indústria estão entre os segmentos que podem ser contemplados.
Já a pesquisadora Marina Zanin, do Museu Goeldi, é responsável pelo estudo Impactos dos Cenários Futuros de Mudança do Clima sobre os Biomas Brasileiros. De acordo com ela, o trabalho teve o objetivo de analisar o fenômeno em diversos ecossistemas brasileiros. “É importante ter uma avaliação de quais os tipos de vegetação mais predispostos aos efeitos das mudanças do clima”, ressaltou.
Saiba mais – Ações de adaptação se referem a iniciativas e medidas capazes de reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima. Ou seja, é uma forma de resposta para lidar com possíveis impactos e explorar eventuais oportunidades. A elaboração de uma estratégia de adaptação envolve, entre outras coisas, a identificação da exposição a esses impactos com base em projeções e cenários climáticos. (Fonte: MMA)

quinta-feira, 12 de março de 2015

Alertas de desmatamento crescem 90,5% na Amazônia Legal

Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal registraram aumento de 90,5% entre agosto de 2014 e janeiro de 2015, comparado ao período de agosto de 2013 a janeiro de 2014. A área afetada subiu de 1.162,7 quilômetros quadrados (km²) para 2.215,5 km². Os dados são do Sistema de Detecção de Mapeamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O instituto divulgou na segunda-feira (2) os dados de novembro de 2014 a janeiro de 2015. Em novembro, foram verificados 77 km² de alertas. Em dezembro, subiu para 85 km² e, em janeiro, o registro alcançou 129 km². Em agosto, os alertas atingiram 890 km². Em setembro e outubro, foram 736 km² e 298 km² de alertas, respectivamente.
O Deter, que permite detectar desmatamentos com áreas maiores que 25 hectares, é um levantamento para orientar a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em terra.
Entretanto, nem todos os desmatamentos são identificados pelo satélite do Inpe, por causa da cobertura de nuvens. As chuvas também dificultam o trabalho dos madeireiros. Por isso, há uma redução nos alertas de desmatamento no período.
O Deter, o Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes) e o Projeto de Mapeamento da Degradação Florestal na Amazônia Brasileira (Degrad) formam o conjunto de sistemas para monitoramento e acompanhamento do estado da Amazônia Legal.
De agosto de 2013 a julho de 2014, os últimos dados do Prodes apontaram uma redução de 18% na taxa anual de desmatamento, na comparação com o período anterior – agosto/2012 a julho/2013. O resultado do mapeamento de 2014 apresentou taxa de 4.848 km² desmatados, contra 5.891 km² do período anterior.
O Prodes computa como desmatamento áreas maiores que 6,25 hectares com remoção completa da cobertura florestal, o corte raso.
Os dados do Degrad para 2011, 2012 e 2013 mostraram estágio de degradação em 24.650 km², 8.634 km² e 5.434 km², respectivamente. As análises conjuntas dos projetos permitem identificar o quanto da degradação florestal de determinado ano é convertida para corte raso nos anos seguintes.
Nove estados compõem a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. (Fonte: Agência Brasil)

segunda-feira, 9 de março de 2015

Desmatamento e mudança climática reduzem chuva e provocam crise


A avaliação foi feita pelo biólogo e diretor do Departamento de Áreas Protegidas (DAP) do Ministério do Meio Ambiente, Sérgio Henrique Collaço de Carvalho. Segundo ele, a existência de unidades de conservação dentro e no entorno das cidades ajudaria na estabilização do regime de precipitação de chuvas e reteria água no subsolo e lençóis freáticos. O desmatamento e a impermeabilização do solo fazem com que a água da chuva chegue mais rápido aos cursos d’água e ao mar, além de modificar o regime de precipitação.
Sem consciência – ”Esses fatores influenciam no clima, provocando períodos de estiagem, com escassez de água e crise de abastecimento, sendo que, imediatamente depois, vem o período de chuvas, acarretando alagamentos e a ideia de abundância do recurso”, explica Collaço. Quem vive no Nordeste tem uma percepção mais realista sobre a necessidade de se poupar o recurso, lembra Collaço: “Só o nordestino tem essa percepção e está acostumado com a escassez de água.”?
À exceção do Nordeste, as demais regiões não têm essa consciência acerca da escassez de água, avalia o diretor do DAP/MMA. Segundo ele, no país, boa parte das cidades não reservou espaços para UCs, que ajudam na reserva e provimento de água, como ocorre em cidades planejadas como Brasília.
As UCs favorecem a recarga de água nos reservatórios. “Em áreas desflorestadas e asfaltadas, a água que cai no chão impermeabilizado, sem vegetação nativa ou com pasto, corre muito rápido para dentro dos corpos hídricos, escorre e vai embora, em direção a alguma bacia hidrográfica e segue para o mar, ou pode cair num reservatório, que tem superfície muito grande e onde muita água se perde por evaporação”, acrescenta.
Desmatamento - Num ambiente natural, diz ele, o quadro é outro. ”A água cai nas folhas, há a colaboração do sombreamento, criando um ambiente no qual a água penetra muito mais lentamente no solo e no corpo hídrico, infiltrando mais e fazendo a recarga de mananciais e do sistema superficial, o que garante sua provisão ao longo do tempo”, salienta. “Nessa situação, mais favorável, quando acaba o período de chuva ainda existe água no subsolo, vertendo nas nascentes e chegando aos cursos d’água.”
Sérgio Collaço insiste: as UCs são espaços especialmente protegidos e a principal estratégia de conservação da biodiversidade. “Quando delimitada, é usada como fonte e reserva de recurso natural, além de preservar a paisagem. ”É assim em todo o mundo”, exemplifica. “De forma planejada, uma UC garante a conservação da biodiversidade, estoca recurso natural para se fazer manejo sustentável de longo prazo, sob vários graus de restrições do acesso aos recursos naturais ali existentes.”
Amazônia - O conceito de Unidade de Conservação surgiu no Brasil ainda na década de 1930, ganhando força no final dos anos 1970 e novamente nos anos 1990 e 2000 na Amazônia. “A questão é que a maior parte das áreas de conservação da biodiversidade está localizada na região Amazônica, fora das áreas urbanas e distantes da população, em ambiente rural ou remoto, como na própria Amazônia, nos rincões do Jalapão, entre outros lugares”, lamenta Collaço.
No caso da crise hídrica, o fim da resiliência (capacidade de se adaptar ou evoluir positivamente na adversidade) está associado ao fim das áreas naturais e a alteração drástica do ambiente que poderia armazenar água da chuva, avalia o diretor do DAP/MMA. “Belo Horizonte não teve esse cuidado e a falta de planejamento urbano, e a explosão demográfica engoliram essas áreas naturais, que deveriam ter sido preservadas para garantir a recarga de água, de forma mais resiliente, no subsolo”, salienta.
Crise hídrica – Brasília é o exemplo contrário. Collaço acredita que a cidade, nesse sentido, foi melhor planejada no seu desenvolvimento e atraiu menos gente por não ter a dinâmica econômica de Belo Horizonte. A capital do país possui amplos espaços de preservação que garantem a qualidade do abastecimento, quase todo proveniente de UCs. São exemplos o sistema Santa Maria-Torto (localizado no Parque Nacional de Brasília e abastece a parte norte da cidade) e o sistema de Sobradinho (na reserva biológica da Contagem), que, há anos, possuem tanto qualidade quanto volume de água. Ele garante: “São sistemas bem estáveis e que flutuam muito menos em função do regime de chuvas do que os sistemas localizados fora de UCs.”
Além destes, o sistema do Descoberto foi protegido pela gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) de mesmo nome, hoje sob gestão do Instituto Chico Mentes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), sendo que esta APA garantiu a boa gestão do uso do solo desde sua criação na década de 1980. De forma semelhante, a cidade de Belo Horizonte conta hoje com a APA Sul, criada somente em 2001 pelo governo estadual, e que deve ter o mesmo papel de proteção de mananciais da APA do Descoberto, no DF, com o desafio de recuperar a resiliência do manancial que abastece a cidade de BH e sua região metropolitana.
Floresta - A crise vivida hoje por São Paulo deve-se à falta de planejamento e de conservação dos mananciais, além das mudanças no padrão climático global, em processos acirrados. ”Esse padrão demonstra que o clima está ficando cada vez mais variável (mais extremos de temperatura e precipitação), mudando a dinâmica da floresta amazônica, pois o desmatamento ali registrado, desde dez, quinze anos atrás, comprometeu parte da floresta” evidencia.
E dá um exemplo: “O volume de água que sai da Amazônia, tanto pela mudança do padrão climático global quanto pelo desmatamento verificado na região, diminui o volume de água disponibilizado pelo funcionamento da floresta.”? Junte-se a isso, o mau planejamento das cidades, a ausência de áreas protegidas que garantam a captura desse recurso e melhora na resiliência do ambiente, resulta numa crise como essa, que já vinha se anunciando há algum tempo. (Fonte: MMA)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Água: tragédia anunciada


Artigo de Malu Ribeiro* originalmente publicado no Brasil Post - Os rios brasileiros refletem nitidamente o descaso com que a gestão da água é tratada no país. Por conta da maior crise hídrica da nossa história, o Brasil, detentor da maior reserva de água doce do Planeta, se vê agora obrigado a sair da zona de conforto para assumir, a duras penas, que esse recurso natural, essencial à vida e a todas as atividades econômicas, é escasso. Mesmo assim, continuamos a tratar os mananciais como a extensão das nossas descargas, com o despejo diário de toneladas de esgotos, e a considerar as grandes bacias hidrográficas como a ponta das tomadas de energia elétrica.
Essa realidade, agravada pela falta de planejamento integrado e estratégico, nos coloca mais uma vez diante da tragédia anunciada do desabastecimento de água e do apagão elétrico. Vivemos isso no passado recente, em 2001, com o apagão que levou os brasileiros a economizarem energia e a mudarem de comportamento. No entanto, não houve a devida atenção para a causa, que também fora uma grave seca. Desde então, técnicos dos setores de recursos hídricos, saneamento e energia, organizações civis, instituições públicas e privadas têm alertado os governantes e promovido fóruns nacionais e internacionais sobre a escassez da água.
O acesso à água em qualidade e quantidade é considerado um dos maiores desafios da humanidade diante do crescimento das cidades e das atividades econômicas. Há mais de 20 anos, a Organização das Nações Unidades (ONU) adotou a data de 22 de março como o Dia Internacional da Água, para unir governos e sociedade no esforço de promover o uso racional desse bem e aliar a demanda à necessidade ecossistêmica, com o objetivo de garantir a nossa sustentabilidade. Muitos avanços ocorreram e o acesso à água foi reconhecido como Direito Humano, mas a nossa “pegada hídrica” não diminuiu.
Continuamos com índices altíssimos de consumo e desperdício. Cerca de 70% da água bruta captada diretamente nos rios para a agricultura irrigada escoa no solo carregando defensivos. O setor industrial, responsável por 20% do consumo, embora mais eficiente no uso por ser sobretaxado com instrumentos como a cobrança pelo uso da água, ainda trata efluentes com baixa eficiência em muitas regiões. O tratamento de esgoto industrial com baixa eficiência ocorre por conta da legislação que versa sobre o enquadramento dos corpos d’água e permite que rios qualificados como de classe 4 sejam utilizados para diluir efluentes.
Na ponta vem o setor de abastecimento público, responsável por 10% do consumo da água e por um enorme desperdício na rede física, que varia de 25% a 40%. Esse setor também é responsável por 70% da carga de poluição dos rios. O motivo: falta de tratamento de esgotos. Dados divulgados por representantes do Fórum Mundial da Água revelam que mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a esgoto tratado. Essa perversa realidade leva ao agravamento da escassez por indisponibilidade decorrente da precária qualidade da água e resulta em patamares ainda mais alarmantes de doenças de veiculação hídrica.
A falta de informação e transparência fazem com que o uso da água de reúso ainda seja limitado no país. São Paulo é pioneiro nesse setor e recentemente anunciou que utilizará água de reúso para reabastecer um manancial, a Guarapiranga. A notícia de que o esgoto tratado será utilizado para abastecimento humano, após novo tratamento, assustou cidadãos que ainda não perceberam que, na prática, já estamos tratando água que recebe esgotos na maioria dos rios e mananciais. Diversos países utilizam a água de reúso diretamente na rede de abastecimento público e investem de forma maciça em eficiência e tecnologia para despoluir e garantir água de qualidade as suas populações.
A escassez nos levará, certamente, a promover a despoluição de mananciais como a Billings, na região metropolitana de São Paulo, além de grandes rios, como Tietê, o Guandu, na Baixada Fluminense, a bacia do Rio das Velhas, na região metropolitana de Belo Horizonte, ou o Iguaçu, no Paraná, dentre tantos outros que cortam áreas urbanas e estão poluídos e com águas indisponíveis para usos múltiplos.
O problema é que a distância entre a nossa realidade e os compromissos assumidos pelo Brasil em tratados internacionais dos quais o país é signatário e das normas conquistadas pela sociedade desde a Constituição de 1988 continua imensa. Além disso, a legislação ambiental brasileira vem sendo cada vez mais afrouxada para regularizar atividades econômicas e usos do solo em áreas de preservação permanente, destinadas justamente à proteção da água, de nascentes e rios.
Autoridades insistem ainda em desconsiderar a relação entre o desmatamento da Mata Atlântica e a diminuição da disponibilidade de água na região Sudeste. Como se não bastasse, ainda predomina o discurso daqueles que querem justificar a ineficiência dos setores elétrico e de saneamento básico atribuindo ao licenciamento ambiental a culpa pela demora na execução de megaobras, que sequer têm projetos e estudos estratégicos de viabilidade.
Ao continuar tratando a água de forma compartimentada – dividindo a gestão dos recursos hídricos entre os setores de energia, abastecimento e produção de alimentos em diversos ministérios e secretarias nacionais, estaduais e municipais, que não se conversam – e sem agências reguladoras independentes que garantam a participação efetiva dos cidadãos, transparência e governança, ficará cada vez mais difícil buscar soluções para essa grave realidade.
É preciso dar um basta na politização da crise e no desgoverno. A hora é de unir a sociedade para cobrar responsabilidades dos governantes e somar esforços para o enfrentamento do problema. Somos capazes. Temos conhecimento técnico, científico, um enorme acúmulo de dados, pesquisas, estudos, experiências positivas e políticas públicas que precisam ser reconhecidas e postas em prática. Somos também solidários e criativos para fazer da crise uma oportunidade para nos mobilizarmos em defesa da água.
*Malu Ribeiro é coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Nível baixo dos reservatórios leva segunda hidrelétrica a parar

A Usina de Santa Branca, no Rio Paraíba do Sul, em São Paulo, pertencente à Light, fornecedora do Rio de Janeiro, chegou ao nível do volume morto e parou de gerar eletricidade no domingo (25), de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). É a segunda usina hidrelétrica integrante do Sistema Interligado Nacional (SIN) que parou de funcionar por falta d’água.
O nível do reservatório de Santa Branca chegou a -0,81 do volume útil, ou seja, está no chamado volume morto, nível em que não é mais possível a geração de energia. De acordo com o boletim diário da Agência Nacional de Águas (ANA), divulgado na segunda-feira (26), o reservatório de Santa Branca apresenta entrada de 59 metros cúbicos de água por segundo e saída de 72. O volume morto corresponde a 29,89% da capacidade total de Santa Branca
A Usina de Paraibuna, também no Rio Paraíba do Sul em São Paulo, que pertence à Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e parou na semana passada, está com -0,26 do volume útil, com entrada de 27 metros cúbicos de água por segundo de água e saída de 50. Nesse caso, o volume morto representa 44,29% da capacidade do reservatório.
De acordo com o ONS, as duas usinas paradas são pequenas e “não têm uma geração representativa para a carga total do sistema”. A capacidade instalada de Paraibuna é 87 megawatts e a de Santa Branca, 56,1 megawatts, enquanto a carga do sistema está na faixa de 70 mil megawatts médios por dia. Como o sistema é interligado, a energia gerada em outro local é remanejada para suprir a falta causada por eventuais problemas.
O ONS informa que outros reservatórios estão no volume morto, mas as usinas continuam operando “a fio d’água”, de acordo com a topografia do terreno e o volume de água que está entrando. Porém, não há, por enquanto, previsão de que hidrelétricas parem de funcionar.
Apesar do baixo volume de água nos reservatórios, a ANA informa que “não tem nenhuma definição da área técnica sobre racionamento ou risco de desabastecimento” e que qualquer comunicado será publicado no site da agência reguladora.
O sistema de reservatórios da Bacia do Rio Paraíba do Sul está com 0,66% do volume útil total, somando Santa Branca, Paraibuna, Jaguari (1,72%) e Funil (3,75%). De acordo com o diretor executivo do Comitê Guandu, Julio Cesar Antunes, estão sendo feitas análises semanais pelo Grupo de Acompanhamento de Operações Hidráulicas, composto por integrantes do ONS, da ANA e da Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Agevap).
“Estamos ajustando a vazão objetiva de Santa Cecília [elevatória que fica após as usinas, onde é feita a transposição do Paraíba do Sul para o Guandu, sistema que fornece água para a região metropolitana do Rio de Janeiro] para vazões naturais, de forma que a gente consiga equacionar o que entra e o que sai [de água no reservatório] e estabilizar [o sistema de abastecimento de água] na condição que tem hoje, para esperar algum recebimento de precipitação”, disse Antunes.
A próxima reunião do grupo será nesta terça-feira (27). Segundo Antunes, 2014 foi o ano mais seco no Sistema do Paraíba do Sul e é necessário que a população se adapte ao uso mais racional da água, embora, por enquanto, não haja risco de desabastecimento. “Este ano está sendo o pior ano em relação aos anteriores – estávamos sempre comparando com os piores períodos, 1955, 1968, de acordo com cada mês. E 2014 foi o pior de todos. O volume do rio está baixo, mas são duas coisas distintas: uma coisa é não ter água e outra é o nível mais baixo, que são exatamente essas adaptações que estamos fazendo, e todo mundo vai se adaptando a essa nova realidade.”
Antunes explica que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geofrafia e Estatística (IBGE), a agricultura consome cerca de 70% da água, a indústria, 20%, e o abastecimento fica em torno de 10%. A Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro divulgou nota em que afirma não haver mudanças operacionais no Sistema Guandu, “mesmo que os reservatórios do Paraibuna e de Santa Branca tenham atingido suas reservas técnicas”.
Porém, conforme a nota, o secretário André Corrêa não descarta a adoção de medidas para “amenizar a crise provocada pela estiagem” e pede a “colaboração de todos no uso racional da água”, destacando que a prioridade do governo é o consumo humano. O secretário e o presidente da Companhia Estadual de Abastecimento de Água (Cedae), Jorge Briard, reúnem-se nesta semana com representantes de indústrias que captam água na Bacia do Guandu para avaliar o consumo de água de reuso pelas empresas. (Fonte: Agência Brasil)

sábado, 13 de dezembro de 2014

Negociações da Cúpula do Clima continuam estagnadas e se estendem

A Cúpula do Clima em Lima tenta tomar uma decisão que impulsione a negociação para um acordo final sobre a luta contra a mudança climática no ano que vem em Paris, mas as intensas negociações ainda continuam estagnadas e se prolongarão durante as próximas horas.
O presidente da Conferência da ONU sobre mudança climática (COP20), o ministro peruano do Ambiente, Manuel Pulgar-Vidal, compareceu nesta sexta-feira perante o plenário para informar sobre os avanços da negociação do documento que deve estabelecer os fundamentos do acordo que será adotado na capital da França para substituir, a partir de 2020, o Protocolo de Kioto, e expressou sua confiança em que as reuniões cheguem a uma conclusão hoje. No entanto, reconheceu que as “questões financeiras ainda continuam no ar”, por isso pediu aos países para seguirem com as negociações para ter um resultado no final do dia.
Os pontos mais delicados da negociação giram em torno do tipo de informação que os países devem apresentar em suas contribuições sobre redução de emissões de gases estufa para que estas metas possam ser quantificadas e comparáveis. As ajudas que devem conceder aos países pobres e em desenvolvimento para fazer frente aos efeitos da mudança climática também estão no centro das negociações.
Em entrevista coletiva, a ministra do Meio Ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, adiantou que o acordo de Lima contém “progressos consideráveis” e “será um bom ponto de partida” para desenvolver o acordo da COP21 de 2015 em Paris, mas lamentou que ainda não haja consenso em dar natureza vinculativa nem em o financiamento de ações perante a mudança climática.
Após duas semanas sem avanços significativos nas minutas dos documentos que devem ser aprovados em Paris, Pulgar-Vidal pediu na noite de ontem aos copresidentes da Cúpula para elaborarem um novo texto “mais breve e centrado nos elementos-chave” que são necessários abordar, sobre o qual se debateu desde o começo da manhã.
O presidente COP20 considerou que a nova proposta favoreceu aos avanços das negociações, e reiterou seu desejo de obter um acordo durante esta noite, sem que as negociações se prolonguem mais um dia, como já ocorreu em cúpulas anteriores.
“Estamos quase lá. Temos que dar esse último apertão para tomar decisões políticas. Não há motivo para interromper o processo e adiar nossa decisão. Tenho certeza que, desta forma, vamos encontrar soluções ao processo”, afirmou.
Pulgar-Vidal exigiu “uma decisão clara e diáfana em Lima”, que tenha “todos os elementos do texto de negociação, não só como uma forma de contribuição do processo, mas para mostrar ao mundo que construímos isto passo a passo”.
Em entrevista à Agência Efe, o vice-ministro de Desenvolvimento Estratégico dos Recursos Naturais do Peru, Gabriel Quijandría, explicou que seu país está fazendo todos os esforços para que a termine hoje, como estava inicialmente previsto, e rompa com a tradição de alongar estas conferências. A ideia é “fechar a conferência hoje” e não ter “mais custos econômico, emocional e físico aos negociadores” e ir a casa “com o trabalho feito”, assegurou.
Em comunicado, a chefe da delegação de World Wildlife Fund (WWF), Tasneem Essop, salientou que o tempo de negociação está acabando e “tudo ainda está no ar”. Segundo ela, o atual texto preliminar contém um “leque de opções: o bom, o mau e o ’suficientemente bom’, por que ainda não podem prever o resultado da Cúpula”.
As negociações de Lima começaram em 1º de dezembro com otimismo pelos sinais positivos que representava o acordo anunciado pelos Estados Unidos e China, os maiores poluentes do planeta.
A China anunciou que alcançará o teto de suas emissões de gases do efeito estufa em 2030, quando 20% da energia consumida no país virão de fontes limpas e renováveis. Já os Estados Unidos se comprometeram a reduzir as emissões de gases do efeito estufa para 2025 entre 26% e 28% com relação aos níveis de 2005, enquanto a União Europeia pactuou diminui-las em 40% em 2030.
A Cúpula do Clima acontece após ser publicado o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que constata que a mudança climática é evidente e adverte da necessidade de uma ação urgente para evitar danos severos e irreversíveis.
De acordo com as conclusões do IPCC, alcançar o objetivo de limitar o aumento de temperatura na superfície no final do século a dois graus requer cortes de emissões substanciais e sustentados nas próximas décadas – de 40% a 70% entre 2010 e 2050 – para reduzi-las quase a zero em 2100. (Fonte: Terra)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sociedade terá voz nas políticas de adaptação climática

A população participará da construção de estratégia de enfrentamento aos impactos do aquecimento global. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou, nesta terça-feira (04), chamada pública para subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Com o objetivo de garantir a inclusão e dar transparência ao processo, as sugestões serão recebidas até 15 de dezembro de 2014.
Aberta ao público em geral, a chamada pública possibilitará a participação dos interessados no desenvolvimento de políticas públicas ligadas à adaptação. Além de fomentar o engajamento e a conscientização sobre o assunto, a medida alimentará os gestores públicos com informações e contribuições que podem fazer parte do texto final do plano. Os subsídios recebidos serão avaliados pelo Grupo de Trabalho Adaptação, formado por integrantes do Executivo Federal e do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Integração - O secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Carlos Klink, destaca que a participação social é fundamental para o sucesso do plano. “Estamos dando mais um passo importante na Política Nacional sobre Mudança do Clima”, afirma Klink. “Há uma construção cada vez mais integradora das ações de adaptação com o que já está em curso na área de mitigação. Com a construção do plano, o governo brasileiro está mostrando que tem uma visão de longo prazo, essencial nesse processo.”
O lançamento da chamada antecede a 20ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima, das Nações Unidas, que será realizada em dezembro em Lima, capital do Peru. De acordo com Klink, a iniciativa confirma o papel de destaque desempenhado pelo Brasil perante a comunidade internacional. “Será discutido o novo acordo climático global. É um momento de extrema relevância para mostrar que estamos fazendo a nossa parte”, explica o secretário.
Efeito estufa – Apesar de considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas acarretando mudanças climáticas. Essas alterações resultam do aumento descontrolado das emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substâncias é consequência de diversas atividades humanas, entre elas o transporte urbano, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e o consumo de energia. (Fonte: MMA)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Meteorologistas preveem futuro nefasto com mudanças climáticas

Aumento das turbulências aéreas, temperaturas cada vez mais extremas e ondas gigantes nos mares: especialistas internacionais pintaram uma imagem apocalíptica do clima nas próximas décadas, em uma conferência mundial encerrada na quinta-feira (21) em Montreal.
No evento da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, mil cientistas discutiram o futuro do clima na primeira conferência mundial de meteorologia.
Quase 10 anos depois da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, que buscou reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a pergunta não é mais se a Terra sofrerá com o fenômeno do aquecimento, mas como.
“É algo irreversível e a população mundial continua aumentando. É preciso adaptação”, disse Jennifer Vanos, da universidade Texas Tech.
Na primeira década do século 21, a temperatura média da superfície do planeta aumentou 0,47 grau Celsius. Um aumento de apenas 1 grau gera 7% mais vapor d’água e, como a evaporação é o motor da circulação das massas de ar na atmosfera, é possível prever a aceleração dos fenômenos meteorológicos.
Os cenários usados pela comunidade científica estimam um aumento de 2 graus na temperatura média da Terra em 2050.
“As nuvens se formarão mais facilmente e com maior rapidez, e os ventos serão mais fortes”, o que causará inundações repentinas, advertiu Simon Wang, da universidade do estado de Utah.
Em termos gerais, segundo o cientista americano, a alta das temperaturas terá “um efeito amplificador sobre o clima como conhecemos atualmente”.
Os episódios de frio intenso, como o vórtice polar que castigou grande parte da América do Norte no inverno passado, serão mais marcados e extremos, assim como os de calor excessivo e os períodos de seca.
Voos turbulentos e ondas gigantes – Para os meteorologistas, o desafio agora será incorporar esta “força adicional” aos seus cada vez mais complexos modelos de previsão, disse Wang.
Para tanto, os meteorologistas precisarão usar supercomputadores que analisem algoritmos muito complexos para prever o tempo.
O cientista Paul Williams estuda o impacto das mudanças climáticas nos “jetstreams” (correntes de jato), usando um destes supercomputadores na Universidade Princeton, em Nova Jersey.
São correntes de ar muito rápidas, situadas a uma dezena de quilômetros de altitude, onde voas os aviões de carreira.
Após semanas de cálculos, concluiu-se que as mudanças climáticas amplificarão a força das estreitas faixas de correntes de ar que giram ao redor do planeta.
“Até 2025, passaremos o dobro do tempo (de voo) imersos nas turbulências”, disse.
Atualmente, passageiros de aviões comerciais sofrem turbulências durante 1% do tempo de voo, em média, lembrou Williams. Mas, advertiu, se a concentração de dióxido de carbono aumentar exponencialmente nos próximos anos, “não se sabe como vão reagir os aviões” a estas turbulentas massas de ar.
Em alto-mar, ondas gigantescas porão em risco navios de carga e de passageiros.
“As companhias de navegação já estão enfrentando ondas enormes”, algumas com até 40 metros de altura, disse Wang. Até pouco tempo, uma onda de 20 metros já era considerada excepcional.
“Este é apenas o começo das mudanças climáticas porque os oceanos causarão um impacto ainda maior, ao liberar mais calor e vapor”, alertou.
Além disso, o degelo na Groenlândia pode resultar em uma elevação de 6 metros nos oceanos do mundo, embora não seja provável que isto aconteça no século atual, avaliou Eric Brun, pesquisador do serviço de meteorologia francês Meteo-France e autor de um estudo recente sobre o tema. 
(Fonte: G1)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Estiagem baixa nível do rio Tietê e revela lixo acumulado em Salto/SP

A maior seca do rio Tietê nos últimos 70 anos revelou na região de Salto (SP) um cenário que é o retrato da falta de cuidado com o meio ambiente. Todo o tipo de material que vem pelo rio pode ser encontrado: é possivel ver garrafas pet, embalagens e resíduos de todo o tipo. Toda a sujeira ficou mais visível depois da maior estiagem das últimas décadas. Tudo está acumulado há muito tempo, mas ninguém sabe ao certo desde quando.
Em relação ao período da cheia, o nível do Tietê baixou 8 metros. A sujeira vem da capital e outras cidades do Alto Tietê. Segundo o secretário do Meio Ambiente de Salto, João de Conti Neto, o serviço de limpeza é difícil por causa do local. “A gente tem que ter uma equipe especializada. Vamos ter que entrar com rapel em algumas áreas, é um serviço que não é fácil, por isso temos que nos preparar e não colocar nenhum funcionário em risco.”
O próprio secretário comenta que já viu muito material diferente boiando no rio. Uma ilha no local, com mata preservada, está cheia de sujeira que ficou encalhada. “Já vimos de tudo. Capacete, bola, outro dia passou um manequim e chamou a atenção. O pessoal pensou que era alguém”, diz.
O bombeiro civil Washington dos Santos lamenta a situação em que se encontra o rio na cidade. “É triste demais. E pensar que isso era limpo, o pessoal pescava aqui. Agora é muito triste ver assim”.
Para o saltense Leonel Buzzo, o que fizeram com o rio é uma falta de respeito. “É uma vergonha. Tem caçamba para retirar o lixo e o povo continua jogando [lixo no rio]“, argumenta.
Para fazer a limpeza vai ser preciso muito investimento, além da ajuda da população para não fazer do Tietê um depósito de lixo. Já os moradores esperam que esta operação seja feita em breve para que voltem a ter orgulho do ponto turístico. (Fonte: G1)


Negociação climática da ONU para acordo sobre emissões tem avanço

As negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima tiveram um pequeno progresso em direção a um texto para um acordo em 2015 que una todos os países para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa.
O debate, que estava se encaminhando para um desfecho neste sábado, atraiu cerca de 1.900 diplomatas de 182 países até Bonn, na Alemanha. O objetivo era alinhar o que seus líderes estarão dispostos a assinar no próximo ano para combater as emissões, que cientistas, apoiados pela ONU, dizem que causarão inundações mais graves, secas e elevações do nível do mar.
Negociadores e observadores disseram que sinais de ações da China e dos Estados Unidos, os dois maiores emissores do mundo, tinham aumentado as esperanças, mas alertaram que as negociações poderiam não dar certo a não ser que os países ricos invistam bilhões de dólares em ajuda para os países mais pobres até o fim do ano.
“Estamos chegando ao ponto em que todas as partes têm uma sensação de confiança de que podemos agir em conjunto para combater a mudança climática, mas minha maior preocupação é o dinheiro”, disse Seyni Nafo, um enviado do Mali, representando um bloco negociador de mais de 50 países africanos.
Os países desenvolvidos concordaram em 2009 em aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento para 100 bilhões de dólares por ano até 2020, mas o “Fundo Climático Verde” da ONU criado para canalizar as linhas de fundos está vazio depois do seu lançamento, no mês passado.
Nafo disse que entre 7 e 8 bilhões de dólares prometidos eram necessários até o fim do ano para iniciar projetos como a instalação de sistemas de energia solar ou esquemas de segurança para ajudar produtores a lidar com a perda nas safras. (Fonte: G1)

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Clima e biodiversidade centralizarão debates da Semana do Meio Ambiente

A Semana do Meio Ambiente, comemorada entre 2 e 6 de junho, terá programação especial. Nas próximas segunda (2) e terça-feira (3), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) promoverá, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), debates sobre proteção da biodiversidade e mitigação e adaptação às mudanças do clima. O espaço também será palco da entrega do Selo Baixo Carbono, iniciativa ligada à Copa do Mundo, e da assinatura de acordo de cooperação para a promoção de dados do JBRJ. Em Brasília, haverá o 5º Prêmio Melhores Práticas da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) e o 8º fórum sobre o tema, além da assinatura de contratos de concessão florestal.
Às 14h de terça-feira (3), será realizado o debate “Produção e Proteção: Os desafios da Transição para uma Produção Agropecuária Sustentável e uma Economia de Baixo Carbono no Brasil” no mesmo local. Autoridades e representantes do terceiro setor e da iniciativa privada discutirão as propostas e a organização de escolhas que o MMA deverá depreender para dar executar planejamento estratégico de 2014 a 2022.
Cooperação – O Jardim Botânico e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) assinarão um acordo de cooperação para dar visibilidade global ao herbário e aos conjuntos de dados da instituição depesquisa. A ação será desenvolvida no âmbito do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) (Link: www.sibbr.gov.br), plataforma que reúne informações de diversas instituições brasileiras de pesquisa para divulgação e compartilhamento.
Em prosseguimento à Chamada Pública lançada, em abril, pelo MMA, será entregue o Selo Baixo Carbono às empresas que doaram créditos de carbono para compensação das emissões de gases de efeito estufa geradas pela realização da Copa do Mundo no Brasil. O edital continua aberto e a adesão das companhias não envolve qualquer transação financeira.
Premiação – O Ministério do Meio Ambiente (MMA) realiza, nos dias 3 e 4 de junho, o 8º Fórum da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), em Brasília. Esta edição terá como tema os 15 anos do programa A3P e seus destaques. Serão debatidos os avanços na implantação de políticas públicas de gestão ambiental na administração pública.
Na ocasião também acontecerá a cerimônia de entrega do 5º Prêmio Melhores Práticas da A3P. O objetivo é dar visibilidade às iniciativas de responsabilidade socioambiental da administração pública, reconhecer o mérito das atividades promovidas pelos órgãos públicos na prática da A3P e estimular a replicação das ações bem-sucedidas. (Fonte: MMA)

Ambientalistas brasileiros pedem proteção do Pantanal

Jacarés descansam em bancos de areia, enquanto uma iguana se lança no mangue: no Pantanal, a natureza é generosa, mas o santuário de biodiversidade localizado no coração da América do Sul está ameaçado pela agricultura intensiva e pelo desmatamento.
Ambientalistas do World Wildlife Fund (WWF) soaram o alarme por ocasião do Dia Mundial das Zonas Úmidas, celebrado todos os dias 2 de fevereiro desde 1997, para resgatar este santuário do Mato Grosso.
Os cientistas da ONG se apoiam em um estudo inédito publicado após três anos de pesquisas, realizado por cerca de 30 especialistas de quatro países (Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina), que compartilham a bacia do rio Paraguai, que nasce no Mato Grosso e percorre 2.600 km antes de desaguar no Rio Paraná, na Argentina.
Segundo o WWF, esta região que se estende por 1,2 milhão de km² corre um grave risco ecológico.
O biólogo Glauco Kimura, coordenador do programa “Water for Life” (“Água para a vida”) do WWF, é categórico: “o Pantanal está ameaçado. Isto pode parecer surpreendente, mas é a triste realidade. Nosso estudo demonstra que 14% da bacia do rio Paraguai deve ser protegida de maneira urgente”.
Antes de percorrer de barco as curvas do rio Cuiabá, sobrevoado por algumas aves de rapina e por uma série de papagaios coloridos, Kimura e sua equipe se detêm na floresta da Chapada dos Guimarães.
A vista é excepcional. Mostra, de longe, o exuberante Pantanal, verdadeiro santuário ecológico. Mas é do alto, no Planalto (conhecido também como “Cerrado”), que vem o perigo.
“Comparo esta região a um prato”, explica o ecologista. “O Planalto nas bordas e o Pantanal no fundo do prato. E o segundo sofre com os excessos do primeiro”.
O desmatamento, a agricultura excessiva, o desenvolvimento urbano ou a multiplicação de represas hidroelétricas são alguns dos riscos para as águas que alimentam o Pantanal.
Percorrendo o Cerrado, são descobertos milhares de hectares de explorações agrícolas, sobretudo de soja. Em meio dos campos que se perdem de vista, um trator lança um líquido amarelo com um forte odor químico. São herbicidas.
Cerca de 15% da cobertura vegetal do Pantanal já foi destruída pelos cultivos de soja e pelos pastos para o gado, estima o WWF.
Isto alarma o canadense Pierre Girard, especialista em hidrologia do Centro de Pesquisas do Pantanal (independente), outro dos autores do estudo.
“A soja é cultivada onde nascem os rios que alimentam e formam posteriormente o Pantanal. Há riscos de erosão, mas também de contaminação do Pantanal”, assegura.
Realizado igualmente em colaboração com a ONG The Nature Conservancy, o estudo do WWF insiste na necessidade para os países e as regiões envolvidas de unir seus esforços.
“Não há mais lugar para os cultivos abundantes como se existisse um estoque infinito de floresta nativa a destruir e de água doce a contaminar”, afirma Kimura.
Para o biólogo, a proteção da bacia do rio Paraguai – onde apenas 11% do território é atualmente uma zona protegida – é vital para conservar a extraordinária riqueza da fauna e da flora, que possui 4.500 espécies diferentes.
“Portanto, é necessário proteger as fontes de água, criar mais zonas protegidas e melhorar as práticas agroalimentícias”, assegura Kimura. (Fonte: Portal iG).